Quando o Corpo Consente - Livro
3 participantes
Página 1 de 1
Quando o Corpo Consente - Livro
* 6 de Abril *
Por que Paule escolheu ser parteira? Seria por causa de sua
velha vizinha e amiga que, segurando-lhe as mãos, afirmou: "Você
tem mãos de parteira"? Paule tinha então cinco anos! Isso foi há
mais de meio século. Nessa época, as crianças ainda eram trazidas
pela cegonha. Quando Paule perguntou o que era uma parteira,
sua mãe adiou a explicação para depois: "Quando você
crescer, vai ficar sabendo ...!"A pergunta sem resposta a intrigou
por muito tempo. Aos dezoito anos, atraída pela medicina, fez
um estágio num pequeno hospital de província. Queria refletir
bem, antes de escolher um ramo da medicina ou da paramedicina.
Foi lá que Paule assistiu ao primeiro parto. Não havia sala
reservada para isso nem parteira: o médico interno dava plantão
em todas as seções e fazia os partos sozinho. E foi então que
Paule se decidiu: ia ser parteira.
Aos dezenove anos, entrou na escola de parteiras de Bordaux.
Ao terminar os estudos, foi trabalhar
num hospital particular m Paris. Naquela época as parteiras
faziam todos os partos .O medico só era chamado em caso
de cirurgia. Paule verificava o ritmo cardíaco do bebê pelo estetoscópio
- não existia aparelho de monitorização - e controlava
com a mão e o relógio a intensidade e a duração das contrações.
* 13 de abril
"Maud, minha vizinha ruiva, aquela que eu encontrava na escada
subindo com dificuldade seu barrigão até o quinto andar, deu
à luz ontem. Quando lhe perguntei se tudo tinha corrido bem
respondeu com voz fraquinha: "Ótimo!" Depois disse que foi
preciso usar fórceps. Mas logo acrescentou que não sentira nada
porque lhe deram a peridural e haviam feito uma episiotomia. Eu
me pergunto que palavra Maud teria empregado para descrever
seu parto se não tivesse sido necessário o uso de fórceps ..."Super-
ótimo?"
Não é a primeira vez que ouço mães que passaram pelo trio
peridural-episiotornia-fórceps empregarem palavras no superlatrvo,
mas evasivas. Como se o encadeamento fosse tão banal que
não houvesse motivo para queixas ou para reclamações, nem ao
menos para lamentar. Entretanto, não consigo entender como os
fórceps ou a episiotomia podem ser vividos de coração alegre,
de corpo alegre.
Mesmo que Maud não tenha sentido nada, cabe-lhe
o direito de estar aborrecida ou triste. Mas são sentimentos
que uma jovem mãe não se permite. Já que o bebê está são e
salvo, ela não ousa expressar sentimentos negativos. Não ia ficar
bem, seria chocante. A jovem mãe esquece tudo, perdoa tudo
quando tem seu bebê nos braços. Aliás, em geral ela já nem sabe
bem o que aconteceu com ela. E a amnésia pós-parto. Tanto melhor,
ou tanto pior? Em todo caso, é pena que todo mundo se contente
com disfarçar ou adormecer a dor aparente e deixe de lado
a outra, mais profunda e difícil de levar em conta: a dor da alma
magoada, do corpo cuja integridade foi espezinhada. A carga do
não-dito pesa muito no coração e no corpo das mães. É duro
viver com uma dor que nem se ousa enunciar."
--------------------------------------------
Dois trechinhos do livro, que é um diário de gravidez, comentado por uma terapeuta corporal (mãe da gravida que escreve) e sua parteira. Ma-ra-vi-lho-so e leitura obrigatória para quem quer parto vaginal (normal ou humanizado)!
Ensinam exercícios de relaxamento para a gravidez e hora do parto, devorei o livro em 1 hora! hehehe
Quem quiser, pdf aqui:
http://partonobrasil.blogspot.com/2010/07/quando-o-corpo-consente.html
link do pdf:
http://www.das.ufsc.br/~mafra/O.Corpo.Consente.pdf
Por que Paule escolheu ser parteira? Seria por causa de sua
velha vizinha e amiga que, segurando-lhe as mãos, afirmou: "Você
tem mãos de parteira"? Paule tinha então cinco anos! Isso foi há
mais de meio século. Nessa época, as crianças ainda eram trazidas
pela cegonha. Quando Paule perguntou o que era uma parteira,
sua mãe adiou a explicação para depois: "Quando você
crescer, vai ficar sabendo ...!"A pergunta sem resposta a intrigou
por muito tempo. Aos dezoito anos, atraída pela medicina, fez
um estágio num pequeno hospital de província. Queria refletir
bem, antes de escolher um ramo da medicina ou da paramedicina.
Foi lá que Paule assistiu ao primeiro parto. Não havia sala
reservada para isso nem parteira: o médico interno dava plantão
em todas as seções e fazia os partos sozinho. E foi então que
Paule se decidiu: ia ser parteira.
Aos dezenove anos, entrou na escola de parteiras de Bordaux.
Ao terminar os estudos, foi trabalhar
num hospital particular m Paris. Naquela época as parteiras
faziam todos os partos .O medico só era chamado em caso
de cirurgia. Paule verificava o ritmo cardíaco do bebê pelo estetoscópio
- não existia aparelho de monitorização - e controlava
com a mão e o relógio a intensidade e a duração das contrações.
* 13 de abril
"Maud, minha vizinha ruiva, aquela que eu encontrava na escada
subindo com dificuldade seu barrigão até o quinto andar, deu
à luz ontem. Quando lhe perguntei se tudo tinha corrido bem
respondeu com voz fraquinha: "Ótimo!" Depois disse que foi
preciso usar fórceps. Mas logo acrescentou que não sentira nada
porque lhe deram a peridural e haviam feito uma episiotomia. Eu
me pergunto que palavra Maud teria empregado para descrever
seu parto se não tivesse sido necessário o uso de fórceps ..."Super-
ótimo?"
Não é a primeira vez que ouço mães que passaram pelo trio
peridural-episiotornia-fórceps empregarem palavras no superlatrvo,
mas evasivas. Como se o encadeamento fosse tão banal que
não houvesse motivo para queixas ou para reclamações, nem ao
menos para lamentar. Entretanto, não consigo entender como os
fórceps ou a episiotomia podem ser vividos de coração alegre,
de corpo alegre.
Mesmo que Maud não tenha sentido nada, cabe-lhe
o direito de estar aborrecida ou triste. Mas são sentimentos
que uma jovem mãe não se permite. Já que o bebê está são e
salvo, ela não ousa expressar sentimentos negativos. Não ia ficar
bem, seria chocante. A jovem mãe esquece tudo, perdoa tudo
quando tem seu bebê nos braços. Aliás, em geral ela já nem sabe
bem o que aconteceu com ela. E a amnésia pós-parto. Tanto melhor,
ou tanto pior? Em todo caso, é pena que todo mundo se contente
com disfarçar ou adormecer a dor aparente e deixe de lado
a outra, mais profunda e difícil de levar em conta: a dor da alma
magoada, do corpo cuja integridade foi espezinhada. A carga do
não-dito pesa muito no coração e no corpo das mães. É duro
viver com uma dor que nem se ousa enunciar."
--------------------------------------------
Dois trechinhos do livro, que é um diário de gravidez, comentado por uma terapeuta corporal (mãe da gravida que escreve) e sua parteira. Ma-ra-vi-lho-so e leitura obrigatória para quem quer parto vaginal (normal ou humanizado)!
Ensinam exercícios de relaxamento para a gravidez e hora do parto, devorei o livro em 1 hora! hehehe
Quem quiser, pdf aqui:
http://partonobrasil.blogspot.com/2010/07/quando-o-corpo-consente.html
link do pdf:
http://www.das.ufsc.br/~mafra/O.Corpo.Consente.pdf
Dana- Aqui é como minha casa
- Número de Mensagens : 1797
Idade : 38
Localização : são paulo, sp
Data de inscrição : 02/09/2009
Re: Quando o Corpo Consente - Livro
Obrigada por compartilhar, Dana!
lilix- Admin
- Número de Mensagens : 5725
Idade : 44
Localização : Alemanha
Data de inscrição : 08/09/2008
Re: Quando o Corpo Consente - Livro
Meninas que já tiveram seus bebês ou que estão gravidinhas, gostaria de saber quem já teve ou pretender ter um parto humanizado, para podermos compartilhar informações e idéias.
crisanc27- Participo com frequencia
- Número de Mensagens : 107
Idade : 41
Localização : São Paulo
Data de inscrição : 02/07/2012
Tópicos semelhantes
» O corpo da mulher apos uma gravidez
» Corpo Luteo Hemorragico
» Como entender um pouco mais do seu corpo
» Unidas para ficarmos de bem com nosso corpo
» Corpo Luteo Hemorragico
» Como entender um pouco mais do seu corpo
» Unidas para ficarmos de bem com nosso corpo
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|